sábado, 24 de setembro de 2016

Oque é o turíbulo e qual é a sua história na liturgia.

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O turíbulo! Ah… O preferido de todo acólito. O que tem o turíbulo que tanto nos encanta? Nesse artigo estudaremos sobre o turíbulo, a naveta o incenso: sua história, características e significado. Num artigo posterior veremos exclusivamente o trabalho do turiferário.

O turíbulo é um pequeno fogareiro suspenso por correntes, no qual se queima incenso. Ele é constituído de várias partes, e é importante que o servidor do altar as conheça. São elas:




  1. Argolas – Os dois “anéis” que sustentam as correntes
  2. Capsula – A parte de manuseio do turíbulo, sobre as quais ficam as argolas
  3. Cadeados ou correntes – As cadeias que unem a capsula ao corpo do turíbulo
  4. Opérculo – A parte de cima do corpo do turíbulo, que permite “abri-lo e fechá-lo” por ter uma corrente própria para si
  5. Base – Onde fica, de fato, as brasas e o incenso, é o fogareiro propriamente dito.
As cinco partes do turíbulo 

O incenso, por sua vez, é uma resina que quando queimada solta uma fumaça de odor agradável que possui uma densidade peculiar . Essa resina é tirada da seiva das plantas da família das terebintáceas.

A naveta é  objeto que porta o incenso. Normalmente em forma de barca, de onde vem seu nome. Sempre é acompanhada por uma colherinha, com a qual se deita o incenso no turíbulo.

Um pouco de história…

O uso do incenso é antiquíssimo, anterior à própria vinda de Cristo. As primeiras menções ao seu uso provavelmente vem dos egípcios, no III milênio a.C.. Seu uso sempre foi relacionado à aromatização e purificação do ambiente e a uma oferta “de odor agradável” à divindade. Os hebreus, por exemplo, utilizavam amplamente o incenso no Templo de Jerusalém, onde havia o “altar do Incenso”, no qual era queimado continuamente o incenso em tributo a Deus. (Cf. Ex 30; Lv 16,12)

Talvez por ser amplamente utilizado entre os pagãos, a Igreja nos seus primeiros anos evitava o seu uso dentro da Liturgia, para fazer uma distinção clara entre a liturgia pagã e a liturgia cristã, em particular porque o incenso oferecido aos deuses pagãos era uma grande traição à fé, e vários santos foram torturados e martirizados por se recusarem a fazê-lo. (Como S. Cassiano, S. Policarpo, S. Dinis, S. Cristina, S. Jorge e muitos outros). Vemos, no entanto, o incenso sendo usado como sinal de honra e oração por um defunto, como podemos ver no Testamento de Santo Efrén, no ano 373.

Uma vez que foi destruído o paganismo, a partir do século IV o incenso começou a ganhar um espaço maior na Liturgia, sobretudo nas dedicações do altar. A primeira igreja a receber o incenso foi a igreja do Santo Sepulcro, e então o uso foi se espalhando. A primeira aparição formal do incenso em Roma é do século VII, como gesto de honra ao papa e ao Evangeliário. Dentro da Missa, o incenso começou a ser utilizado por volta do século IX, no início da Missa, de modo similar como é hoje: Altar, clero, oblatas. Isto se fazia se passando o incensário (Uma espécie de vaso onde se queimava o incenso) à frente dos objetos e das pessoas. Isso foi se desenvolvendo até chegar ao modo como temos hoje. A naveta também foi ganhando sua forma de “navio” a partir desta época.
Incenso na dedicação do altar

 O incenso começou a ter maior espaço na liturgia após o triunfo da Igreja sobre o paganismo. Começou-se a usar, por exemplo, para a consagração dos altares, queimando o incenso sobre ele. A forma tradicional (Anterior à reforma litúrgica de Paulo VI) da consagração de altares ainda prevê este rito, queimando o incenso sobre as cinco cruzes cravadas no altar-mor em sua dedicação. Rito antiquíssimo e riquíssimo alterado e desprezado em 1969.

Significado do Incenso


Vemos o incenso nas Sagradas Escrituras aparecerem várias vezes. Além dos já conhecidos significados de aromatização e de purificação contra os demônios, sendo o incenso um sacramental, destacam-se três, que demonstram os outros três significados: Adoração, Honra e Oração.

Adoração

Na oferta do incenso pelos Magos ao Menino Jesus (Mt 2,11) vemos o significado de culto. Com aquele incenso, os magos ao mesmo tempo honravam e adoravam o Menino Jesus, utilizando-se do incenso  como instrumento de culto lautrêutico, isto é, de adoração.

Honra

Sempre se diz que os três presentes dos Magos a Nosso Senhor exaltam suas três características: O ouro, como Rei. O incenso, como Sacerdote, e a mirra, como profeta, o Cristo. Aqui vemos, portanto, o uso do incenso como uma honra a alguém sagrado. Por isso a Igreja utiliza o incenso para honrar os sacerdotes, as relíquias, as imagens e mesmo o povo.

Oração e Sacrifício

Aqui está o significado mais belo do incenso. Vemos no salmo 141 e na aparição dos 24 anciãos no Apocalipse. Vamos ver estes dois textos.

Salmo 141:

Suba até vós, Senhor, a minha oração como o incenso à vossa presença. Elevem-se minhas mãos como sacrifício vespertino.

A outra é do livro de Apocalipse:

E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.
E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus.

Nessas duas passagens vemos a associação do Incenso com a oração dos santos. Por que esta relação? A fumaça que sai do incenso é perfumada, isto é, pura e agradável a Deus. Mas o simbolismo por trás do uso do incenso se revela sobretudo em como a fumaça sobe aos Céus. É de uma maneira lenta, graciosa, fazendo várias curvas enquanto sobe. Não é uma subida arrogante como a fumaça produzia por outros materiais, mas de uma maneira humilde. Aqui está o significado do incenso como a oração dos santos: Nossa oração deve subir a Deus como o incenso, de maneira humilde, mas confiante.

A fumaça do incenso representa a oração dos santos, e como a nossa oração deve ser. Humilde, calma, nunca arrogante e prepotente, como muitos hoje tem rezado a Deus, como que ordenando ou dando ordens a Ele.
A fumaça do incenso representa a oração dos santos, e como a nossa oração deve ser. Humilde, calma, nunca arrogante e prepotente, como muitos hoje tem rezado a Deus, como que cobrando ou dando ordens a Ele.

Significado da Naveta

A naveta começou a ganhar uma forma de navio durante a Idade Média. Isto ao mesmo tempo significada duas coisas: A primeira é a lembrança da Igreja como a “Barca de Pedro”. A segunda é que nossa vida espiritual deve ser sempre um “caminho”, daqui às Mansões Eternas. O navio simboliza esta mobilidade.

A naveta é a imagem da Igreja, que porta o incenso, isto é, o culto devido a Deus.
A naveta é a imagem da Igreja, que porta o incenso, isto é, o culto devido a Deus.

Significado do Turíbulo

O turíbulo, por sua vez, representa o coração do homem ardendo no fervor a Deus. Vemos isso já com Durandus, um teólogo dominicano da Idade Média (sec. XIII). Ele transcreve em um escrito seu uma oração usada em sua diocese para quando o sacerdote colocava incenso no turíbulo antes do Evangelho:

Que Deus acenda nossos corações junto à fragrância de inspiração celestial para ouvir e cumprir os preceitos do seu Evangelho

O significado do turíbulo como o coração do homem ardendo em amor a Deus pode ser explicado da seguinte maneira: Quando o homem está em comunhão com Deus e grande fervor, seu coração é como um turíbulo aceso, com brasas. Deitando-se incenso, isto é, a oração, o coração do homem exala um odor agradável a Deus, isto é, a santidade. E esta santidade se espalha onde ele está, assim como a fumaça do incenso.

Para manter o turíbulo aceso, é necessário que ele seja constantemente movimentado ou soprado pelo coroinha. Sem o movimento ou sopro, o turíbulo apaga devagar. O movimento aqui representa a meditação, o estudo, o trabalho, o apostolado, o cumprimento das virtudes católicas. Sem elas, devagar o coração que antes estava em estado de fervor no amor a Deus vai se apagando.

Também é importante às vezes limpar um pouco as cinzas que ficam sobre o carvão. Essas cinzas representam o pecado e os nossos defeitos. Assim como é necessário limpar o carvão de suas cinzas para que produza mais fumaça, assim também é necessário limpar nosso coração de pecados e imperfeições, para que nossas orações sejam puras. Isto se dá sobretudo através do Exame de Consciência e da Confissão.

Por fim, dá um grande trabalho se acender um turíbulo apagado. Da mesma maneira, é necessário um grande trabalho para acender um coração na chama do amor de Deus. E depois de acender é necessário cuidar desta brasa, para que não se apague.

Veja como a Liturgia é perfeita....
Eu amo a liturgia.
e Você?


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